Conessione: Realize a comunhão
Existe um ponto de conexão que conjuga todas as coisas e está presente em tudo. Desde a mais ínfima manifestação até a concepção mais sutil de vida. A vibração do átomo corresponde aos seus ciclos de nascimento, vida e morte, e milhões deles dão vida a uma célula. Da mesma forma, os ciclos de vida de bilhões de células dão vida a um ser humano, e bilhões de seres humanos ao planeta terra. Analogamente, a terra como elétron, tem o sol como núcleo e faz parte do sistema solar, como átomo. Voltamos ao ponto de origem. Esta é a mesma idéia do “Homem, conhece-te a ti mesmo, que tu conhecerás o universo e os deuses.”
Erich Fromm, psicócolo alemão, na sua grande obra “A arte de amar“, propõe o amor como este ponto de comunhão entre as pessoas, nesta passagem: “Amo em ti a todos, amo através de ti o mundo, amo a mim mesmo em ti.” Plotino, como já citado aqui, sintetiza a mesma idéia em sua máxima: “Conjugai o que há de divino em vós, com o que há de divino no universo.” A mesma idéia pode ser compreendida ao estudarmos o DNA, e chegarmos à conclusão de que cada cadeia possui todo o código genético humano, da mesma forma como uma gota d’água contém todo o oceano.
Leonardo Da Vinci via conexões entre todas as coisas, e a partir deste princípio que ele conseguia desconstruir qualquer mecanismo. Partindo do pressuposto que todas as coisas possuem um ponto de origem comum, ao interpretar este “código genético”, ele conseguia remontar qualquer ideia. Sua capacidade de associação lhe permitia discorrer horas a respeito de qualquer ideia, pois ele partia da ideia comum, do princípio de conessione.
Na imagem¹ deste post, temos a pintura “A Virgem e o Menino com Santa Ana.” Esta obra nos mostra a virgem sentada no colo de Santa Ana, representando o afeto e comunhão com o divino. A virgem por sua vez está entregando o menino Jesus à terra, e este por sua vez tende seu movimento ao carneiro, símbolo do sacrifício. Os olhares se conectam em uma única linha, e a composição está em forma de um triângulo, ou tríade (pai, filho e espírito santo). O amor é a conessione mais evidente neste quadro cheio de simbolismos.
O desenho² ao lado da pintura não é exatamente um ensaio para a obra, mas um dos diversos estudos que a Vinci realizava de seus personagens antes de lhes dar vida através da sua sofisticada técnica de pintura.
A Virgem e o Menino com Santa Ana foi a última pintura de Leonardo Da Vinci que se tem registro, e especula-se que ele tenha trabalhado nela durante 20 anos. Assista o vídeo a seguir que apresenta detalhes do processo de restauração da obra que esta atualmente no Museu do Louvre:
Este vídeo da Khan Academy faz uma análise sobre o prelúdio desta magnífica obra e como os traços de Da Vinci conseguem evocar toda a ternura e profundidade da troca de olhares e gestos que integram o divino e humano em um único ato:
“Toda força vital vem do sol, uma vez que o calor existente nas criaturas vem da alma (centelha vital).”
Leonardo Da Vinci
Anotações manuscritos -
1 A Virgem e o Menino com Santa Ana
Óleo em madeira, 168 x 130 cm, 1510
Leonardo Da Vinci
Musée du Louvre, Paris
2 A Virgem, o Menino, Sant’Ana e São João Batista
Carvão e giz sobre papel, 141,5 x 104,6 cm, 1499-1500
Leonardo Da Vinci
Galeria Nacional de Londres