Arte/Scienza: Busque o equilíbrio
Vivemos numa sociedade que busca o excesso para evitar a carência. Mas a saturação e o vazio são condições que impedem a alma de alcançar sua plenitude, pois a constância não pode existir na instabilidade dos desejos da personalidade. A busca pelo equilíbrio foi o ponto de mutação que levou grandes grandes filósofos a desvelarem a causa do ser. Buda alcançou a iluminação após compreeder este princípio e pregou em sua doutrina o caminho do meio, ou seja, a dor como veículo de consciência. O TAO, antigo símbolo chinês, representa a dualidade de forma complementar: a luz termina quando começa a sombra, o masculino não pode existir sem o feminino, a consciência não evolui sem a dor.
O mesmo princípio é válido quando aplicado na formação de caráter de um indivíduo. Platão, em sua República, defendia o uso da música e da ginástica na educação de guerreiros. A música para inspirar a alma e a ginástica para formar o corpo. A falta da ginástica deixaria o homem excessivamente brando e a ausência da música, muito bruto. Neste sentido, a teoria e a prática também seguem o mesmo padrão de dualidade. A experiência só se torna completa quando temos a teoria fundamentada na prática, pois ela por si só nos condiciona a uma visão exclusiva do mundo.
Por isso que Leonardo Da Vinci se dizia discípulo da experiência. Para ele, toda a causa devia ser explorada por vários ângulos, e o registro em seu diário era uma prova disso. Todas suas anotações são acompanhadas por imagens que expandem a compreensão das ideias. Os estudos mais esotéricos da teosofia nos falam da necessidade de expressar as idéias por imagens, pois as palavras são muito limitadas em seu sentido de expressão. Da Vinci conseguia integrar abstração e lógica, teoria e prática, arte e ciência em todos os seus trabalhos.
Na imagem deste post¹ temos o retrato de Mona Lisa, uma das obras mais famosas do mestre renascentista. Este quadro representa o princípio da Arte e Ciência em ação. Além do estudo de proporção áurea, anatomia e sombra, Da Vinci consegue representar na expressão de Mona Lisa o ponto de mutação entre os princípios masculino e feminino, que guardam seu enigmático e polêmico sorriso. Buscar a integração dos opostos é saber lidar com os mistérios da luz e da escuridão, e o mestre sabia muito bem como representar isso.
Como a sua pintura mais famosa e enigmática, a Mona Lisa continua guardando mistérios que até hoje tentam ser revelados. Se você quiser conhecer algumas das teorias que explicariam sua suposta origem, assista ao documentário a seguir:
1 Mona Lisa
Oil on panel, 77 x 53 cm
Leonardo Da Vinci
Musée du Louvre, Paris